António José Seguro não se pode queixar: aquela descida do elevador do hotel, logo após a derrota do PS nas legislativas, merecia, agora, este golpe de António Costa. No fundo, estas personagens, embora clamem novéis auras processuais, estão irremediavelmente impregnados de estafadas retóricas e especialíssimos truques de vão de escada, quando, se acaso, não existe elevador.
António Costa tem, indubitavelmente, melhor imprensa. Pelo contrário, Seguro carece da simpatia jornalística, ou melhor, dos comentadores políticos, os quais estão cada vez mais parecidos com os seus congéneres da bola, quando não são eles mesmos atabalhoados espécimes heteronímicos.
O líder do PS é muito parecido a Passos Coelho, diz-se. Infelizmente, estou propenso a crer que assim é. Ambos foram líderes juvenis, vêm do lixo das jotas e cresceram com o sonho de alcançar, um dia, a liderança dos partidos. Por conseguinte, sendo a escola e perfis idênticos,
não é presumível que se notassem verdadeiras mudanças na condução da política
externa e interna
E Costa? Há dias, ouvi-o afirmar, contundente e abarrotado, que conhece bem o PS, pois é militante desde os 14 anos. Desde os 14 anos!?... Como é que alguém se pode orgulhar de ser militante de um partido aos 14 anos?! Então essa não é a idade para jogar à bola, andar de bicicleta, partir um vidrito por "acidente". Não! Esta gente nasceu para a política e, consequentemente, salvar Portugal, de preferência num brumoso dia. Ouvi também Costa, um militante de base (como gostam
de se intitular) do partido socialista, a respeito da vergonhosa e degradante
exploração dos arrendamentos no fim de semana da liga dos campeões, em Lisboa,
que tudo não passava do normal funcionamento do mercado. Ora há expressões que,
efetivamente, matam quem as profere. E afirmar que repugnantes indivíduos sem
escrúpulos (tal com aqueles bancos de há três anos, lembram-se?) estão angelicamente
a seguir a regra do normal funcionamento dos mercados é, no mínimo, desconcertante
para quem quer ser chefe de um Governo socialista.
Uma outra acusação que fazem a António Costa diz respeito ao não cumprimento do seu mandato me Lisboa. Que eu saiba, esta situação não é nova nas suas
incumbências ajuramentadas. Lembro-me, por exemplo, de ter largado o cargo de
ministro de Estado e da Administração Interna da República para se candidatar à
presidência da respetiva Câmara Municipal.
Volto, pois, ao início: gente nova velha que só sabem fazer política assim. Vem aí outro, não tarda: chama-se Barroso, José Manuel.
Sem comentários:
Enviar um comentário