segunda-feira, julho 26, 2010

antónio mexia

O homem andou à boleia, fez anúncios e foi carteiro, deu explicações de português e serviu bebidas num bar (o melhor hotel de Genebra, diz, com um sorriso comprometedor). É presidente da EDP e tem um ordenado que se bate com os dos seus congéneres mundiais. Utiliza abundantemente as variantes do verbo energizar, uma espécie de neologismo da empresa que lidera. Quanto às críticas suscitadas pelos seus 3,1 milhões auferidos em 2009 (salário e prémios - porquê prémios com ordenados destes, pergunto inocentemente) tem uma ideia, uma definitiva explicação: "inveja e preguiça". Quanto ao país que alegremente lhe proporciona a este e a outros do género estes devaneios salariais nem uma palavra. Esquecem-se estes senhores que o ordenado mínimo por aqui não chega aos 500 euros e muita desta gente trabalha no duro, porventura tantas horas como o sr. Mexia. Mas vamo-nos entretendo com estas entrevistas cor-de-rosa estranhamente a cargo do Expresso, nas quais ficamos a saber que o sr. Mexia ainda é conde mas que não liga a estas coisas dos títulos e que foi estudar para a Suíça porque "não tínhamos dinheiro" e que, em parêntesis reto, esta extraordinária jornalista, de seu nome Rosália Amorim, nos dá conta que os seus (dele) "olhos enchem-se de lágrimas e fica comovido, quebrando a imagem do líder de ferro", quando evoca a filha de doze anos. Esquece-se esta gente que os tais do ordenado mínimo também têm filhos de doze anos e que não dizem aos pais que, afinal, o que estes fazem é fácil, pois só têm de olhar para o ecrã de cotações e para as notícias da Reuters.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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