segunda-feira, dezembro 31, 2007
ministério da cultura despede 46 avençados
domingo, dezembro 30, 2007
a importância do cartão de militante
(publicado no jornal público em 5.1.2007)
sexta-feira, dezembro 28, 2007
transportados em tempo útil
Posto isto, resta perguntar: o que anda a fazer o Presidente da República, garante último do cumprimento da Constituição? São, com efeito, muitas perguntas sem resposta.
quarta-feira, dezembro 26, 2007
acordo ortográfico adiado mais uma vez
rotativismo pós moderno
No mesmo sentido, duas novas interrogações: deve haver o chamado acordo de cavalheiros entre PS e PSD para que os presidentes de algumas empresas de capitais públicos sejam de cor política oposta ao que nesse momento governa? Mais uma vez, não. Deve um ministro sair do cargo que ocupa e ir directamente para presidente de uma dessas empresas? Outra vez, não.
Tudo isto por uma questão de desanuviamento democrático e ético. Estou em crer que quem ocupa cargos de importância política e de nomeação directa (como os presidentes de instituições públicas) relevante deve estar um determinado período de tempo sem exercer qualquer cargo que implique um potencial de relacionamento promíscuo entre eles. É o caso do ex-presidente da CGD que agora vai para presidente do BCP, dois concorrentes directos numa área da economia muito sensível e importante. Ou ainda - segundo noticiam alguns órgãos de informação - uma eventual saída do ministro da economia Manuel Pinho para presidente da Caixa Geral de Depósitos...
Com efeito, não é deste modo que a democracia e a política em geral se instituem como matriz credível para desenvolver saudavelmente uma democracia.
crimininalidade a baixar no distrito do porto
Tendo em conta que o distrito do Porto é muito grande, o que não aparece neste quadro estatístico diz respeito à área metropolitana do Porto. Mas decerto que foi só um lapso.
terça-feira, dezembro 25, 2007
mensagem do primeiro ministro
Até a referência a Manuel Alegre, "poeta e político" (!?...) se torna demasiado contornada. Para o ano há mais. Basta trocar a ordem de algumas palavras e frases e percorrer com jeitinho um dicionário de sinónimos. Esperemos agora pelo presidente.
segunda-feira, dezembro 24, 2007
a cor política do presidente do BCP
onde pára o PSD?
Entretanto, José Sócrates anda por aí, fazendo "história"!...
domingo, dezembro 23, 2007
Europe’s West Coast e o encerramento das urgências em Alijó
Acontece que, lendo todo o panfleto de promoção turística e as directrizes governativas para consumo interno, se começa a verificar que a "bota não bate com a perdigota ". Vem isto a propósito da recente declaração do nosso ministro Correia de Campos que as urgências de Alijó (um concelho com um elevado número de habitantes idosos) vai fechar dentro de... dois dias. É, portanto, mais um serviço de saúde que o interior desta "West Coast" vê insensivelmente encerrar. Assim se promove Portugal como um todo homogéneo: é a "West Coast" reduzida ao mínimo.
sábado, dezembro 22, 2007
derrocada do prédio de setúbal e os bancos
Posto isto, a minha única crítica vai mesmo para a repórter: deveria ter questionado o entrevistado qual o nome do banco em que efectuou o empréstimo para o crédito à habitação.
figura nacional do ano
sexta-feira, dezembro 21, 2007
tabus
Ora toda esta retórica tem um nome: tabu. Conseguintemente, convém lembrar a José Sócrates que o povo (o português) não se dá bem com tabus. A seguir a ele (ao tabu) costuma vir a derrocada. Se quiser, pode perguntar ao Cavaco.
shoppings: o outro lado das luzes
encerramento do bloco de partos do hospital de chaves
Ora os números dizem que em Chaves, em 2007, nasceram quase 400 bebés. Nesta contabilidade, a pergunta torna-se inevitável: quantos bebés precisa o sr. ministro que nasçam por ano para uma maternidade não dar prejuízo? Mas eu já sei a resposta: com um sorrisinho matreiro e olhos reluzentes, dirá: "o que o governo pretende é simplesmente dar às populações condições na área da maternidade que neste momento não usufruem..." Vale uma aposta?
(publicado na edição do jornal Expresso do dia 29/dezembro/2007 e no jornal A voz de trás-os-montes no dia 3/janeiro/2008)
quinta-feira, dezembro 20, 2007
metro derrapou mais de 40%
discriminação nas escolas públicas
No entanto, este hábito de gerência escolar não se fica pelos alunos, pois aqueles professores mais próximos do executivo ficam com as respectivas turmas A e B enquanto que os desgraçados que por qualquer motivo não cairam nas graças do senhor presidente (ou até por que são novos nas escolas) são remetidos impiedosamente para as restantes. E são estes, naturalmente, que vão engrossar a clientela dos psiquiatras.
quarta-feira, dezembro 19, 2007
salário mínimo segundo a juventude popular
terça-feira, dezembro 18, 2007
caso UGT/FSE: afinal foram todos absolvidos
segunda-feira, dezembro 17, 2007
"ofensa à honra", por Alberto João Jardim
Ora com Jardim passa-se exactamente o mesmo. Se o ouvimos chamar, por exemplo, "bastardos"aos jornalistas do continente (in Público, 17/12/2007, p. 8) já nenhum orgão de comunicação lhe dá a mínima importância, pois não é assunto que mereça sequer vir mencionado (a novidade não existe).
Mas o mesmo não acontece quando Alberto João Jardim processa Baptista-Bastos por "ofensa à honra". E é assim que uma não-notícia se transforma numa notícia digna de abertura de telejornais!
o procurador-geral da república
Mas o que me começa a preocupar tem a ver com a decisão de criar uma equipa que investigue os recentes crimes na noite do Porto completamente à margem de outras investigações que, soubemo-lo hoje, já decorriam há várias semanas.
Não pode haver, no que à investigação policial diz respeito, autonomias tão díspares, em que uns acabam necessariamente por atropelar outros.
domingo, dezembro 16, 2007
o paradigma de Valter Lemos
Mas quer lá saber Valter Lemos dos 5º e 6º anos de escolaridade, das turmas com 28 alunos de 10 e 11 anos, das salas inconcebíveis, do espantoso tecido curricular do 2º ciclo (v. http://www.dgidc.min-edu.pt/curriculo/Programas/programas_2ciclo.asp) que impinge bloco e meio de Educação Física (meio bloco quer dizer 45 minutos a esta disciplina), 225 minutos por semana a disciplinas tão redutoras como Estudo Acompanhado (90 minutos), Área de Projecto (90 minutos) e Formação Cívica (45 minutos), e não dedica um minuto a uma segunda língua estrangeira, às novas tecnologias (deixa isso para o 3º ciclo) ou a um reforço da carga horária da língua materna. O que de facto interessa, na cabeça inócua deste governante, são as taxas de retenção, até porque os paradigmas finlandeses não se coadunam com este tipo de "sistema de recuperação".
(publicado no jornal Público em 18/dezembro/2007)
"Ministra da Educação é um desastre"
Tudo o resto fica para a chamada relação pedagógico-didáctica com o centro de todo o processo educativo, os alunos, numa sala de aulas exígua demais para receber vinte e oito alunos de quinze, dezasseis ou de onze anos, em que nem a mais simples estratégia pedagógica para resolver problemas de indisciplina - mudar um determinado aluno para um lugar vago - se adivinha de concretização possível.
Mas a Ministra aí está para pôr a casa em ordem. Deste modo, estão já na calha medidas para atenuar o problema da reprovação ao nível do 3º ciclo, diz o inenarrável secretário da educação Valter Lemos.
Não fosse a escola desta gente toda alicerçada pelo paradigma (expressão que muito gostam) das chamadas ciências da educação.
sábado, dezembro 15, 2007
abolição da pena de morte em new jersey
cinco regiões de turismo?!
Pelos números se conclui que passámos duma situação eventualmente desajustada por excesso para uma outra situação (igualmente despojada de sentido) de escassez. O que se pretende com este novo paradigma? Juntar o Minho com Trás-os-Montes, o Porto com Bragança ou Viana do Castelo ou Caminha?
O que é estranho, no meio de tudo isto, é que os indicadores nos dizem, segundo o nosso incomparável ministro da economia, que o turismo está a crescer mais do que os outros sectores. Então se está a crescer, para quê mudar?! E logo assim, administrativamente!...
sexta-feira, dezembro 14, 2007
o referendo ao tratado europeu
Fica então a lição para os partidos do arco da governação (expressão de Paulo Portas): para a outra vez não andem por aí a prometer demagogicamente coisas que não sabem se querem efectivamente cumprir. Para isso existem os outros partidos. Esses sim, devem confrontar os Menezes e os Sócrates com o melindre político de certos temas. É precisamente essa uma das razões das suas existências.
Mas agora não vislumbro outro caminho que não seja o que prometeram. A não ser que as cúpulas partidárias destas duas opções políticas conjecturem outras preferências. E parece-me que até nem será muito difícil... Nada a que não estejamos habituados.
A política anda descredibilizada, não é o que dizem?...
quarta-feira, dezembro 12, 2007
as claques e a violência
apoio ao arrendamento
Basta olhar para os números para chegarmos à conclusão que algo não bate muito certo neste país dos "mínimos".
terça-feira, dezembro 11, 2007
meneses, a violência nocturna e o seu putativo estatuto ministeriável
E eis que surge a oportunidade de Meneses: à décima primeira semana do seu consolado, estrebuchou. Assim, saiu da sua pose de líder sério e ministeriável para passar ao mais execrável populismo de feira. E debitou o manual todo: as pessoas têm medo de sair sozinhas de casa, de deixar os filhos ir à escola, os idosos em casa, o governo não se preocupa com a segurança mas com as questões europeias, o primeiro ministro tem que pedir desculpa "aos portugueses" pelo clima de insegurança que se vive, e por aí fora.
E, como se não bastasse, foi secundado logo a seguir por um extraordinário presidente da distrital do PSD do Porto e vice da câmara de Gaia, de seu nome Marco António, que disse simplesmente isto: "O Governo é responsável porque tem desvalorizado estes acontecimentos e transmitido uma imagem de fraqueza da autoridade do Estado", acrescentando que o governo "transmite também uma imagem de impunidade para quem pratica estes actos". (Público).
Com efeito, não será preciso decerto acrescentar mais alguma coisa quando o maior partido da oposição se posiciona, dialecticamente, deste modo. É mau para eles, para o governo e, sobretudo, para o país.
domingo, dezembro 09, 2007
os homicidios do Nebraska
Enfim, sabemos que nos Estados Unidos é mais difícil, por vezes, para um adolescente, beber um copo de vinho do que arranjar uma espingarda, mas há coisas que realmente não abonam a favor do nosso conceito de civilização.
sábado, dezembro 08, 2007
os casos esmeralda e iara
Mas o que estes dois casos poderão revelar, num futuro próximo, é a dificuldade em arranjar as chamadas famílias de acolhimento - ou mesmo de adopção - em Portugal.
Quem, no seu perfeito juízo, se mete, a partir de agora, neste mundo incerto que é a de receber uma menina ou menino desprotegido?
(publicado no jornal Público em 12-12-2007)
os terroristas e a cimeira europa-áfrica de lisboa
Devo sublinhar que a minha opinião coincide com a do ex-presidente da república. Não quero com isto dizer que nos devamos pôr de cócoras perante terroristas abomináveis, mas a construção de pontes de diálogo, até para isolar os grupos mais fanáticos, poderá ser um princípio da edificação de um edifício à escala global que se quer de paz e de solidariedade.
Como se sabe, o caminho que se seguiu foi o oposto e os resultados são, como também se está a verificar, desastrosos para a humanidade.
No entanto, a cimeira que decorre este fim de semana em Lisboa vem, no fundo, sustentar objectivamente a tese de Soares. Com efeito, devem-se contar pelos dedos de uma mão os dirigentes africanos que cá estão que não tenham tido (e muitos deles continuam a praticar) actos que esbarram com os tais valores ocidentais e europeus. Mas é também para isso que serve a política: não lidar com as mesmas armas com que estes intratáveis líderes suportam os infindáveis anos de poder.
(publicado no Expresso em 15/dezembro/2007)
os cursos cef's, pief's e o entusiasmo educativo
Neste sentido, considero modelar uma frase de Ana Benavente ao Público em que ela refere que para a assunção do combate ao défice não era necessário colocar a cabeça dos professores no pelourinho (os termos poderiam não ter sido estes mas a semântica é correcta). Ora este tipo de ensino em que o enfoque reside na facilidade com que os alunos que frequentam estes cursos podem alcançar os objectivos a que se propõem (facilidade que não é obviamente declarada mas é intuitivamente assimilada), não é mais do que a colocação do professor não no pelourinho mas no cadafalso. Convém nunca esquecer que não é só o aluno que está no centro do processo educativo. E sem dignidade não existe futuro.
Senhor Presidente da República Portuguesa,
Excelência:
Disse V. Ex.ª, no discurso do passado dia 5 de Outubro, que os professores precisavam de ser dignificados e eu ouso acrescentar: "Talvez V. Ex.ª não saiba bem quanto!"
1. Sou professor há mais de trinta e seis anos e no ano passado tive o primeiro contacto com a maior mentira e o maior engano (não lhe chamo fraude porque talvez lhe falte a "má-fé") do ensino em Portugal que dá pelo nome de Cursos de Educação e Formação (CEF).
A mentira começa logo no facto de dois anos nestes cursos darem equivalência ao 9.º ano, isto é, aldrabando a Matemática, dois é igual a três!
Um aluno pode faltar dez, vinte, trinta vezes a uma ou a várias disciplinas (mesmo estando na escola), mas com aulas de remediação, de recuperação ou de compensação (chamem-lhe o que quiserem, mas serão sempre sucedâneos de aulas e nunca aulas verdadeiras como as outras) fica sem faltas. Pode ter cinco, dez ou quinze faltas disciplinares, pode inclusive ter sido suspenso que no fim do ano fica sem faltas, fica puro e imaculado como se nascesse nesse momento.
Qual é a mensagem que o aluno retira deste procedimento? Que pode fazer tudo o que lhe apetecer que no final da ano desce sobre ele uma luz divina que o purifica ao contrário do que acontece na vida. Como se vê claramente não pode haver melhor incentivo à irresponsabilidade do que este.
2. Actualmente sinto vergonha de ser professor porque muitos alunos podem este ano encontrar-me na rua e dizerem: "Lá vai o palerma que se fartou de me dizer para me portar bem, que me dizia que podia reprovar por faltas e, afinal, não me aconteceu nada disso. Grande estúpido!"
3. É muito fácil falar de alunos problemáticos a partir dos gabinetes, mas a distância que vai deles até às salas de aula é abissal. E é-o porque quando os responsáveis aparecem numa escola levam atrás de si (ou à sua frente, tanto faz) um magote de televisões e de jornalistas que se atropelam uns aos outros. Deviam era aparecer nas escolas sem avisar, sem jornalistas, trazer o seu carro particular e não terem lugar para estacionar como acontece na minha escola.
Quando aparecem fazem-no com crianças escolhidas e pagas por uma empresa de casting para ficarem bonitos (as crianças e os governantes) na televisão.
Os nossos alunos não são recrutados dessa maneira, não são louros, não têm caracóis no cabelo nem vestem roupa de marca.
Os nossos alunos entram na sala de aula aos berros e aos encontrões, trazem vestidas camisolas interiores cavadas, cheiram a suor e a outras coisas e têm os dentes em mísero estado.
Os nossos alunos estão em estado bruto, estão tal e qual a Natureza os fez, cresceram como silvas que nunca viram uma tesoura de poda. Apesar de terem 15/16 anos parece que nunca conviveram com gente civilizada.
Não fazem distinção entre o recreio e o interior da sala de aula onde entram de boné na cabeça, headphones nos ouvidos continuando as conversas que traziam do recreio.
Os nossos alunos entram na sala, sentam-se na cadeira, abrem as pernas, deixam-se escorregar pela cadeira abaixo e não trazem nem esferográfica nem uma folha de papel onde possam escrever seja o que for.
Quando lhes digo para se sentarem direitos, para se desencostarem da parede, para não se virarem para trás, olham-me de soslaio como que a dizer "Olha-me este!" e passados alguns segundos estão com as mesmas atitudes.
4. Eu não quero alunos perfeitos. Eu quero apenas alunos normais!!!
Alunos que ao serem repreendidos não contradigam o que eu disse e que ao serem novamente chamados à razão não voltem a responder querendo ter a última palavra desafiando a minha autoridade, não me respeitando nem como pessoa mais velha nem como professor. Se nunca tive de aturar faltas de educação aos meus filhos porque é que hei-de aturar faltas de educação aos filhos dos outros? O Estado paga-me para ensinar os alunos, para os educar e ajudar a crescer; não me paga para os aturar! Quem vai conseguir dar aulas a alunos destes até aos 65 anos de idade?
Actualmente só vai para professor quem não está no seu juízo perfeito mas, se o estiver, em cinco anos (ou cinco meses bastarão?...) os alunos se encarregarão de lhe arruinar completamente a sanidade mental.
Eu quero alunos que não falem todos ao mesmo tempo sobre coisas que não têm nada a ver com as aulas e quando peço a um que se cale ele não me responda: "Porque é que me mandou calar a mim? Não vê os outros também a falar?"
Eu quero alunos que não façam comentários despropositados de modo que os outros se riam e respondam ao que eles disseram ateando o rastilho da balbúrdia em que ninguém se entende.
Eu quero alunos que não me obriguem a repetir em todas as aulas: "Entrem, sentem-se e calem-se!"
Eu quero alunos que não usem artes de ventríloquo para assobiar, cantar, grunhir, mugir, roncar e emitir outros sons. É claro que se eu não quisesse dar mais aula bastaria perguntar quem tinha sido e não sairia mais dali pois ninguém assumiria a responsabilidade.
Eu quero alunos que não desconheçam a existência de expressões como "obrigado", "por favor" e "desculpe" e que as usem sempre que o seu emprego se justifique.
Eu quero alunos que ao serem chamados a participar na aula não me olhem com enfado dizendo interiormente "Mas o que é que este quer agora?" e demorem uma eternidade a disponibilizar-se para a tarefa como se me estivessem a fazer um grande favor. Que fique bem claro que os alunos não me fazem favor nenhum em estarem na aula e a portarem-se bem.
Eu quero alunos que não estejam constantemente a receber e a enviar mensagens por telemóvel e a recusarem-se a entregar-mo quando lhes peço para terminar esse contacto com o exterior pois esses alunos "não estão na sala", estão com a cabeça em outros mundos.
Eu sou um trabalhador como outro qualquer e como tal exijo condições de trabalho! Ora, como é que eu posso construir uma frase coerente, como é que eu posso escolher as palavras certas para ser claro e convincente se vejo um aluno a balouçar-se na cadeira, outro virado para trás a rir-se, outro a mexer no telemóvel e outro com a cabeça pousada na mesa a querer dormir?
Quando as aulas são apoiadas por fichas de trabalho, gostaria que os alunos, ao saírem da sala, não as amarrotassem e as deitassem no cesto do lixo mesmo à minha frente ou não as deixassem "esquecidas" em cima da mesa.
Nos últimos cinco minutos de uma aula disse aos alunos que se aproximassem da secretária pois iria fazer uma experiência ilustrando o que tinha sido explicado e eles puseram os bonés na cabeça, as mochilas às costas e encaminharam-se todos em grande conversa para a porta da sala à espera que tocasse. Disse-lhes: "Meus meninos, a aula ainda não acabou! Cheguem-se aqui para verem a experiência!", mas nenhum deles se moveu um milímetro!!!
Como é possível, com alunos destes, criar a empatia necessária para uma aula bem-sucedida?
É por estas e por outras que eu NÃO ADMITO A NINGUÉM, RIGOROSAMENTE A NINGUÉM, que ouse pensar, insinuar ou dizer que se os meus alunos não aprendem a culpa é minha!!!
5. No ano passado tive uma turma do 10.º ano de um curso profissional em que um aluno, para resolver um problema no quadro, tinha de multiplicar 0,5 por 2 e este virou-se para os colegas a perguntar quem tinha uma máquina de calcular!!! No mesmo dia e na mesma turma outro aluno também pediu uma máquina de calcular para dividir 25,6 por 1.
Estes alunos podem não saber efectuar estas operações sem máquina e talvez tenham esse direito. O que não se pode é dizer que são alunos de uma turma do 10.º ano!!!
Com este tipo de qualificação dada aos alunos não me admira que, daqui a dois ou três anos, estejamos à frente de todos os países europeus e do resto do mundo. Talvez estejamos, só que os alunos continuarão a ser brutos, burros, ignorantes e desqualificados mas com um diploma!!!
6. São estes os alunos que, ao regressarem à escola, tanto orgulho dão ao Governo. Só que ninguém diz que os Cursos de Educação e Formação são enormes ecopontos (não sejamos hipócritas nem tenhamos medo das palavras) onde desaguam os alunos das mais diversas proveniências e com histórias de vida escolar e familiar de arrepiar desde várias repetências e inúmeras faltas disciplinares, até famílias irresponsáveis.
Para os que têm traumas, doenças, carências, limitações e dificuldades várias há médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros técnicos, em quantidade suficiente, para os ajudar e complementar o trabalho dos professores?
Há alunos que têm o sublime descaramento de dizer que não andam na escola para estudar mas para "tirar o 9.º ano".
Outros há que, simplesmente, não sabem o que andam a fazer na escola...
E, por último, existem os que se passeiam na escola só para boicotar as aulas e para infernizar a vida aos professores. Quem é que consegue ensinar seja o que for a alunos destes? E porque é que eu tenho de os aturar numa sala de aula durante períodos de 90 e de 45 minutos por semana durante um ano lectivo? A troco de quê? Da gratidão da sociedade e do reconhecimento e do apreço do Ministério não é, de certeza absoluta!
7. Eu desafio seja quem for do Ministério da Educação (ou de outra área da sociedade) a enfrentar (o verbo é mesmo esse, "enfrentar", já que de uma luta se trata...), durante uma semana apenas, uma turma destas sozinho, sem jornalistas nem guarda-costas, e cumprir um horário de professor tentando ensinar um assunto qualquer de uma unidade didáctica do programa escolar.
Eu quero saber se ao fim dessa semana esse ilustre voluntário ainda estará com vontade de continuar. E não me digam que isto é demagogia porque demagogia é falar das coisas sem as conhecer e a realidade escolar está numa sala de aula com alunos de carne, osso e odores e não num gabinete onde esses alunos são números num mapa de estatística e eu sei perfeitamente que o que o Governo quer são números para esse mapa, quer os alunos saibam estar sentados numa cadeira ou não (saber ler e explicar o que leram seria pedir demasiado pois esse conhecimento justificaria equivalência, não ao 9.º ano, mas a um bacharelato...).
É preciso que o Ministério diga aos alunos que a aprendizagem exige esforço, que aprender custa, que aprender "dói"! É preciso dizer aos alunos que não basta andar na escola de telemóvel na mão para memorizar conhecimentos, aprender técnicas e adoptar posturas e comportamentos socialmente correctos.
Se V.Ex.ª achar que eu sou pessimista e que estou a perder a sensibilidade por estar em contacto diário com este tipo de jovens, pergunte a opinião de outros professores, indague junto das escolas, mande alguém saber. Mas tenha cuidado porque estes cursos são uma mentira...
Permita-me discordar de V. Ex.ª mas dizer que os professores têm de ser dignificados é pouco, muito pouco mesmo...
Atenciosamente
Domingos Freire Cardoso
Professor de Ciências Físico-Químicas
quinta-feira, dezembro 06, 2007
a questão do aeroporto
posta de parte guerra com o irão
quarta-feira, dezembro 05, 2007
taxa de desemprego: afinal não subiu! ufa!
terça-feira, dezembro 04, 2007
o que pode estar acima da lei?
Dois exemplos recorrentes: os casos das meninas que vão ser entregues aos pais biológicos (expressão que abomino, pois não há "pais biológicos" mas sim, somente, "pais"), isto é, a Esmeralda e, mais recentemente em Vila Real, a Iara (que vive desde os 25 dias com os pais de acolhimento e que agora tem seis anos).
O juiz - todos o sabem - decide de acordo com pressupostos legislativos. Quer isto dizer que está bem decidido? Naturalmente, a resposta só pode ser "nem sempre". E estes casos são exemplares. O juiz, ao decidir exclusiva e cegamente guiado pelo Código Civil, remete para um plano secundário outros valores que devem permanecer acima de qualquer lei: a moral, a ética. Nestes dois casos, é óbvio que a leitura obsessiva da lei só pode levar ao desastre na vida de duas crianças que não têm culpa nenhuma do que se passou. É que, por mais sinceros que sejam os chamados pais biológicos, estes, de certo modo, se revelam ao exigir a entrega imediata dos seus filhos. É o velho mito bíblico da mãe que preferiu entregar o seu filho a outra a vê-lo morrer assassinado. Não haveria a possibilidade de uma situação intermédia: até uma certa idade, as crianças seriam progressivamente inseridas com os pais biológicos até que elas, já com uma maturidade que lhes permitisse uma opção, escolhessem, de forma racional (e também emocional), o que queriam fazer. No fundo, não seria muito diferente dos filhos de pais separados que vivem com padrastos ou madrastas.
A lei não pode, portanto, ser cega. Sendo assim, os juízes não serão, no futuro necessários: um programa de computador, com todos os livros de leis lá dentro, elaborará decisões muito mais justas e racionais. Repito: e racionais...
segunda-feira, dezembro 03, 2007
ota, alcochete e portela mais um
ana benavente ao jornal público
sábado, dezembro 01, 2007
Miguel e Vasco: zangam-se as comadres...
Mas o que torna também interessante esta esfrega "intelectual" é o ruído que tudo gerou, em que outros analistas político-sociais tomam notoriamente partido sem o mínimo de esforço de análise, isto é, tendo em conta apenas postulados pessoais. Neste sentido, fiquei inquieto ao ouvir o programa Contraditório na Antena 1. Exigia-se somente duas coisas a pessoas que têm oportunidade de serem ouvidas por milhares de outros concidadãos: honestidade na análise e que esta se não alicerçasse em paradigmas psicanalíticos.
os filhos que não nascem em Portugal
Ora bem, parte da resposta às interrogações (retóricas ou não) do Presidente da República vem hoje escarrapachada no jornal Expresso, e logo como título sensacionalista na primeira página: "Médicos e professores pedem comida para os filhos". Depois, a notícia se desenvolve nas páginas interiores do jornal, relevando, no entanto, o essencial: a carestia da vida, o crédito mal parado e excessivo, a insensibilidade dos bancos (e do Estado) quando se trata de reaver as dívidas.
Perante cenários destes, quem é que tem coragem de ter mais que um filho? Fosse Portugal um país mais equilibrado, menos obsessivo com défices comunitários, mais civilizado no sentido de proporcionar aos cidadãos uma estabilidade profissional e (consequentemente) mental e social, e veria Cavaco Silva se os portugueses fecundavam ou não. É que sol em Novembro já nós temos. Falta é o resto, que é tudo!
nova crise na câmara de lisboa
quinta-feira, novembro 29, 2007
a desautorização do ministro das finanças
Conta-se em poucas palavras esta história: uma funcionária, em visível dificuldade motora, foi dada como apta para trabalhar por uma junta médica. A comunicação social fez o habitual alarido. Teixeira dos Santos viu. Teixeira dos Santos decidiu que teria que ser vista novamente. A junta decidiu o que tinha já decidido.
Facilmente se depreende que a nódoa nesta história recai inteiramente no Ministro das Finanças. Em primeiro lugar, porque mostrou tiques de autoritarismo ao interpor uma espécie de recurso que obrigava a junta médica a rever o seu diagnóstico. Por outro lado,os médicos fizeram o que tinham a fazer que era o de manter as apreciações clínicas relativamente ao estado de saúde da funcionária.
Os caminhos para as revogações de certas decisões, sejam elas administrativas, médicas ou de qualquer outra índole, não passam naturalmente por esta linha avulsiva ao sabor, portanto, de imagens sempre muito bem exploradas pela nossa comunicação social. Um estado de direito é mais que um ministro.
sábado, novembro 24, 2007
concessão das estradas de portugal
O Inspector-geral da Administração Interna e a impertinência dos polícias
Neste sentido, os Ministros da Administração Interna, têm que ser mais lúcidos na análise que fazem dos agentes de autoridade. Parece que o politicamente correcto os obriga a louvar tudo e todos. Mesmo os que muitas vezes pisam descaradamente o risco.
sexta-feira, novembro 23, 2007
o livro do motorista
Em traços gerais, Pedro Faria, um motorista profissional que ganhou a vida em Nova Iorque transportando as Very Important People cá do burgo ("Foram 24 anos a lidar com o poder político", diz ele ao jornal), relata, nestas suas linhas, o "nacional porreirismo" ("porreiro, pá") que também os nossos políticos, por terras do tio Sam, adoptam. O livro descreve, portanto, o deslumbramento de alguns políticos quando se viram (pela primeira vez ou não) na grande metrópole nova iorquina. Por isso, estarei de acordo com Rui Cardoso Martins, quando afirma, no Público (23 de Novembro), que Ao Volante do Poder pode ser encarado como "um estudo moral, quase científico, do VIP lusitano no estrangeiro."
Mas o interessante disto tudo residiu nalgumas reacções destes Important People. A escolha do jornal não podia ser mais assertiva: José Lello, secretário de Estado das Comunidades entre 1995 e 1999, referiu que não é um tipo de literatura que goste (a de mexericos), adiantando que Pedro Faria "É um indivíduo que falava muito, o que não é uma coisa muito adequada para um motorista. Era um bocado metediço, falador. Um motorista cala e não é metediço." Por outro lado, Maria Margarida Corrêa de Aguiar (actualmente administradora da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, ao tempo secretária de Estado da Segurança Social de Durão Barroso) insinua: "E aquilo que é contado por um motorista de limusina, o que é que vale?"
Estamos esclarecidos com estes fantásticos, deslumbrantes esclarecimentos, não é verdade? Dá para perceber como de important people passam, num lápice, a important jerk.
quinta-feira, novembro 22, 2007
o caso esmeralda
Então quem é que esteve mal para o caso chegar a este estado, tão deprimente e dramático? Resposta: o estado português, a justiça que é demasiado lenta, quando devia ser célere.
Numa situação destas, a primeira resolução deveria ser retirar imediatamente a menina da família de acolhimento e resolver o mais depressa possível o imbróglio. Agora é tarde. Agora já não pode ser a justiça stricto sensu a decidir um caso que é mais amor, mais sentimento que razão.
quarta-feira, novembro 21, 2007
critérios economicistas ou miserabilistas?
Se tivermos em conta que o principal directório de decisão política deste governo se prende com critérios economicistas (a economia à frente da política), somos capazes de compreender certas decisões vulgarmente chamadas de reformadoras. É o caso, por exemplo, da redução do número de funcionários públicos, ou da organização de certos departamentos profissionais. Agora o que se torna de difícil entendimento é o facto destes mesmos critérios, já de si criticáveis numa economia débil como a nossa, se transfigurarem em orientações que têm implicações devastadoras em muitos agregados familiares. E é precisamente em classes sociais e profissionais mais desfavorecidas que certas decisões ministeriais actuam de forma a que determinadas situações debilitadas se tornem ainda mais negativas. É o caso, por exemplo, dos professores contratados a prazo, quando o ministério da educação obriga a que os contratos tenham termo certo que não seja o final do ano lectivo, ao mesmo tempo que retiram a estes professores um serviço de saúde - a adse - que já há muitos anos lhes era complementado.
Ora a política não pode ser feita com parâmetros decisórios tão mesquinhos. Até porque mais do que realmente advém desta decisões (uns decadentes milhares de euros de poupança no orçamento do ministério da educação), o que de facto se releva é o carácter provinciano desta gente. Se querem poupar façam-no
(publicado no jornal Expresso em 1-12-1007)
a desgraça
Mas Meneses não consegue sair do registozinho de paróquia. O exemplo flagrante foi o ridículo a que se prestou quando se referiu, a respeito da RTP e do futuro ex-presidente da empresa, ao processo inquisitivo do jornalista José Rodrigues dos Santos. As donas de casa aplaudiram todas.
(publicado no jornal Expresso em 24 de novembro)
terça-feira, novembro 20, 2007
O Partido Socialista e a questão social
Do mesmo modo, o secretário de estado da educação Walter Lemos sugere simplesmente isto: estes professores (os contratados do secundário) nem ao quadro pertencem e, por isso mesmo, não se enquadram em nenhum processo de negociação entre sindicatos e ministério. E o mais dramático é que ele tem razão, porque de facto professores que se mantêm em contrato de trabalho há dez e mais anos só podem ser uns desenquadrados sociais…
A hipocrisia dos sindicatos da educação
Ora com os sindicatos que organizam a contestação às várias emanações do ministério da educação passa-se paradigmaticamente esse fenómeno. O exemplo disso é a luta desenfreada que os sindicatos têm vindo a travar na contestação à lei que preconiza o regulamento ao acesso a professor titular. Fala-se mesmo numa enorme batalha judicial que se avizinha, com juristas recrutados para piquetes nas férias de Verão a “full time”, com processos, providências cautelares, abertura de sites, mediatização, etc. Deste modo, tanto a FNE como a Fenprof aparecem como verdadeiros paladinos duma luta que legitima e eticamente é deles.
Mas também é deles um outro combate: a dos professores contratados há muitos anos (oito, dez, doze…) e que duma maneira abjecta estes sindicatozinhos fingem esquecer. Ou não seria muito mais nobre esta proactividade sindical nestes professores? Mas até nisso eles estão socialmente deslocados, pois quanto mais pugnarem pelos direitos daqueles que passarão ou não a um hipotético cargo de titular (uma invenção ridícula desta ministra), maior é a incompreensão das pessoas. É que a principal virtude de qualquer organização sindical encontra-se na exigência duma circunstância muita precisa: a dignidade profissional para aqueles que mais dela precisam.
professores contratados
Ministério da educação: um caso de inaptidão política
Bastava, assim, que o Ministério, na introdução dos seus pressupostos, tivesse uma atitude de concordância social e resolvesse de uma vez por todas a situação dos professores contratados, principalmente daqueles que há já muitos anos dão precariamente aulas. Ainda mais quando se sabe que esta não é uma reivindicação persistente dos sindicatos. Com esta atitude, isto é, ao optar por caminhos claramente no âmbito da igualdade de oportunidades sócio-profissionais, o ministério simplesmente desarmava-os (há professores contratados há mais de dez anos, com mais habilitações do que muitos do quadro). Tudo em nome, portanto, de uma equidade social e profissional e, acima de tudo, humana.
No entanto, o caminho foi outro: o da confrontação, da presunção, criando um mal-estar desnecessário. Neste cenário, as situações tendem a piorar. Prova disso é a recente visita da ministra da educação a uma escola, em que Maria de Lurdes Rodrigues disse esta coisa extraordinária: “as aulas de substituição não podem ser espaços para jogos ou para entretenimento (…) os alunos do secundário não são crianças que devam ser entretidas". Uma pergunta clara e objectiva: como quer esta cada vez mais extraordinária ministra que os professores encarem estes raspanetes? Não saberá ela que este tipo de orientação discursiva vem ao encontro do que precisamente é acusada – a de uma cada vez maior culpabilização dos professores por tudo o que de mau afecta o ensino?
É, de facto, uma equipa ministerial desastrada e inábil. Começa-se já, ao vê-la e ouvi-la, a sentir um balizamento temporal cada vez mais apertado. O tempo não joga a seu favor. É um nítido caso de que, em política não basta arranjar um grupinho de sábios que, em sessões contínuas de “braistorming”, desenvolvem soluções milagrosas para o ensino.
(publicado no jornal público em 08/11/2006)
Educação: ministério e sindicatos
Por um lado, o governo, ao colocar na função pública em geral e nos professores em particular um registo de privilégios sociais, revela que não conhece o quotidiano de muitos milhares de professores, os quais suportam não só condições de ensino degradantes, conselhos executivos tiranetes, horas de condução infinitas, famílias separadas, turmas mal formadas, alunos deprimentes, horários incompletos (progressão estropiada e ordenado desfigurado), etc.
Por outro lado, os sindicatos retomam uma directriz errada nas suas exigências. Não é, de facto, altura para ficar indignado com dois anos de congelamento na progressão na carreira, quando existem milhares, dezenas de milhares de colegas (como hipocritamente os sindicalistas tratam os professores) em situação precaríssima de emprego, com anos e anos de horários incompletos e com anos de contratação aparentemente irresolúvel. O combate deveria ser, antes de mais, a dignificação da carreira, dos “colegas”. Ao enveredar por este caminho elitista, muito dificilmente o país olhará a classe num sentido socialmente ecológico, mas, pelo contrário, só fortalece os argumentos da Ministra Maria João Rodrigues, que remete no seu Secretário de Estado a soberania de um convergência inexistente.
acordo ortográfico
O acordo ortográfico é urgente. Este passo, que já devia ter sido dado há muitos anos, é apenas isso: um pequeno passo. Para quando a possibilidade de escolhermos um manual made in brasil para uma escola portuguesa? Ouvem-se já vozes discordantes quanto à mais valia deste acordo. Convém não esquecer: somos mais ou menos duzentos e cinquenta milhões de falantes. Cento e oitenta são brasileiros. Você entendeu?...
descentralização e o encerramento do pólo universitário de miranda
O que se passa é que é o poder regional que deve lutar contra aquilo que o poder central vergonhosamente tem vindo a fazer e que se resume numa palavra: deslocalização. E ao contrário do país, que é brutalmente heterogéneo nos seus níveis de desenvolvimento, devemos pugnar por uma região de Trás-os-Montes e Alto Douro equilibrada, justa e solidária.
(publicado no jornal a voz de trás-os-montes em 28/07/2007)
a educação e a ministra competente
Só que educação não é só isto. Ou seja: não basta elaborar dois ou três patamares administrativos, juntando-lhes um ou outro de carácter supostamente pedagógico (para falar na reformazita do ensino secundário) para que o complexo mundo da educação se encaminhe peremptoriamente. Nem tão pouco basta o argumento (estafado) de que temos que começar por algum lado e que daqui a alguns anos tudo isto dará frutos. Não! Nada mais errado, pois as reformas educativas têm forçosamente de se adaptar a uma compleição estruturalmente diferente, a qual passa na aposta de pequenas (no sentido mais individualista e singular do termo) reformas, ao invés das macro-reformas que desde há anos têm vindo a ser irreflectidamente postas em prática.
Dois ou três exemplos: porquê um limite mínimo e máximo de alunos por turma? Será difícil perceber que haverá turmas que se trabalha (muito) bem com 28, mas outras em que 15 já é demais? Qual a razão que obriga a que esta última turma tenha 22 ou 24 alunos como limite mínimo?
Outro exemplo que ilustra o absurdo deste ministério: qual o argumento pedagógico que esteve na base do reescalonamento do grupo 300 e 320, ao obrigar os professores de francês a leccionarem português, quando muitos não têm experiência na área da língua portuguesa (ou literatura portuguesa), enquanto os professores do grupo 300 são, efectivamente, professores dessa área e são, consequentemente, postos de parte?
Por fim, o concurso a professores titulares? Alguém de bom senso acredita que os professores com mais pontos são realmente os melhores? É que muitos deles, para terem tantos pontos, deram pouquíssimas aulas ao longo destes últimos sete anos. Dá-se o caso, hilariante, que muitos professores contratados (os tais que ainda não estão na carreira) têm não só mais habilitações (pós-graduações, mestrados, doutoramentos) como também mais experiência didáctica.
santa ignorância
(publicado no jornal Expresso 8/09/2007)