Em Portugal, não há governo que se preze que não queira deixar uma marca durável na história. Por isso, entre erigir de raíz um aeroporto e refazer um outro já existente, construindo-lhe uma espécie de anexo em Montijo, ainda para mais aproveitando a actual base aérea aí existente, a opção recai, obviamente, na construção do aeroporto novinho em folha. Nem que os gasotos sejam superiores em muitos milhares de euros. É a saloirice no seu melhor, a qual se revela paradigmaticamente no ministro das Obras Públicas, o Sr. Mário Lino.
Com efeito, o dossiê do aeroporto de Lisboa seria já suficiente para que este ministro fosse demitido. Mas isto aconteceria num governo que não tivesse como uma das imagens de marca o facto de ser patologicamente obsessivo. Por outro lado, as obsessões fazem também parte dos famosos tiques de ditadura dos governos maioritários, principalmente quando o nível da sensibilidade social e cultural (deixemos os estafados argumentos da craveira técnica, um técnico de reconhecido valor, etc...) dos seus membros começa paulatinamente a desaparecer.
Depois, um dia, dão conta que o chão lhes foge debaixo dos pés; os seus consortes no partido começam a esboçar aqui e ali tímidas críticas ao modo como o governo se distancia do povo que o elegeu; o Presidente da República começa a dar sinais de inquietação; um novo horizonte se alinha para o maior partido da oposição que tratará o mais depressa possível de remover o actual líder. E um futuro promissor se avizinha para Portugal com mais promessas de descidas de impostos.
Um novo ciclo. Sócrates pensa no próximo voo. Descobre afinal o seu perfil presidencial!
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