quinta-feira, junho 19, 2008

referendo: frança e irlanda

Gostava que alguém me explicasse por que razão é que o não francês ao Tratado Constitucional não suscitou, por parte dos líderes europeus, uma reacção semelhante ao não irlandês. É que na altura não ouvi o Zapatero sublinhar, como agora o faz relativamente à Irlanda, que "não é possível que a Irlanda [França, leia-se, hipoteticamente, mas ainda assim com algum esforço], com todo o respeito democrático, possa parar um projecto tão necessário", ou "estou convicto de que a posição da maioria dos países europeus vai ser de ir avante e não renunciar a um tratado como o de Lisboa do qual precisamos".
Não sei se o presidente do governo espanhol, o José Sócrates, Durão Barroso e o incrível Sarkozy (entre outros, embora mais comedidos) alcançam que a Europa só se constrói através do contributo dos cidadãos. Esta verdade é válida não só para a Europa, mas para todos os regimes democráticos. Que eu saiba, só nas ditaduras é que os cidadãos não são escutados. Por isso, mais vergonhoso, tendo em conta uma perspectiva saudável da política, do que a rectificação do Tratado de Lisboa sem ter em conta a opinião dos europeus, é a reacção que o referendo na Irlanda suscitou. A continuarem assim, serão estes senhores os culpados dum eventual descalabro da União Europeia enquanto instituição assente num paradigma realisticamente democrático.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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