segunda-feira, junho 23, 2008

a explicação de júdice

Se a moda pega, vamos ter esta gente toda que anda por aí a ser convidada para cargos públicos dizerem aos jornalistas que determinadas explicações só sairão em livro. Foi o que advogou (o homem é advogado) José Júdice quando lhe perguntaram sobre a razão da sua demissão da gestão da reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa, cargo para o qual foi simpaticamente convidado pelo actual presidente da Câmara de Lisboa, António Costa. Acontece que Júdice tem a obrigação moral de explicar aos portugueses (aos lisboetas em particular) por que foi que se demitiu. Mais: Costa tem também (porventura mais que Júdice) essa mesma imposição moral. Convém lembrar que este documento estratégico, intitulado por um qualquer Conselho de Ministros deste governo de "Frente Tejo", é uma espécie de desígnio nacional, um pouco à semelhança do que foi a Expo 98. Por isso, esta sociedade, até há dois dias presidida por Júdice, tem a seu cargo, de acordo com os pressupostos do dito Conselho de Ministros, a reabilitação da zona ribeirinha numa frente de 19 quilómetros, o que não passa de um eufemismo para designar os milhões de euros que esta verdadeira obra faraónica irá consumir nos próximos 20 anos.
É, aliás, curioso, a inclinação deste governo para este tipo de obras que se balizam cronologicamente numa geração. Deste modo, Sócrates, Manuel Pinho e Mário Lino (que três!...) poderão dizer, dentro de 30 anos que estas obras (aeroportos e afins) foram verdadeiras obras de regime. Para bem da nação, claro.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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