O que fica, deste acordo anunciado entre a ANTRAM (Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias) e o Governo, é que, afinal, vale a pena os cidadãos - ou as associações em nome destes - optarem por formas de protesto radicais, como foi a que os camionistas iniciaram segunda-feira. De facto, a ser verdade o que vem na comunicação social, o Governo recuou em toda a linha, desde as portagens reduzidas no período nocturno, a majoração das despesas de combustíveis para efeito de despesas em sede de IRC (num mínimo de 20 por cento), a manutenção do valor do Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) em 2009, o imposto de camionagem nos valores de 2007 durante os próximos três orçamentos do Estado, etc.
Por outro lado, convém salientar que não são só sobre os camionistas que recai este agravamento dos preços dos combustíveis, pois outros trabalhadores, que utilizam o seu carro particular, diariamente, para trabalhar, são também fortemente penalizados por estas medidas económicas relacionadas com o preço do petróleo. Só que estes não têm associações para se defenderem.
Ainda dentro desta perspectiva conciliatória entre o Governo e a ANTRAM, um sinal cómico (e que tem a ver com os tempos que correm) veio - quem mais nos poderia agraciar?... - do ministro Mário Lino, ao introduzir, após longas horas de discussão, a divergência relativamente ao vocábulo a ser expandido na comunicação social. A ANTRAM queria "acordo", mas este extraordinário ministro disse que não, optando pelo mais inócuo "entendimento". Parece que levaram mesmo o caso a José Sócrates. Não me parece, porém, que tenha Sócrates a capacidade para definir, cabalmente, esta questão de um âmbito marcadamente sociolinguístico. Assim, é pena que estas coisas tenham o seu tempo próprio de decisão (não podíamos esperar muito tempo, sob pena do país ficar, efectivamente, paralisado), pois uma decisão deste tipo merece, sem dúvida, ser encarada de uma forma mais reflexiva e aprofundada. Seria até uma forma de preencher ainda mais o plano de trabalhos dessas agências de comunicação que tanto se fala - e pululam -, actualmente, na política.
E então? Em que é que ficamos? Entendimento ou acordo?
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