Pensava que era história passada, essa pacovice do Durão Barroso honrar o país com a sua fuga para presidente da Comissão Europeia. A este propósito, nunca é demais relembrar que o senhor Barroso jurou perante o Presidente da República respeitar o mandato que o povo português lhe outorgou através de eleições legislativas, expressão máxima de dignificação de qualquer democracia. Do mesmo modo, é bom sublinhar que antes do senhor Barroso, havia sido convidado para o mesmo cargo o primeiro-ministro do Luxemburgo, não tendo este aceitado tão enobrecido cargo. Todavia, parece que há sempre alguém que persiste nestas coisas da dignificação do chão pátrio lá fora, por interpostos cargos do desenho da política internacional. Foi o caso do embaixador António Monteiro, que afirmou isto: "para mim, é hoje claro que é uma boa notícia para nós, para Portugal, tê-lo a
ele [Durão Barroso], e não a uma pessoa de uma nacionalidade qualquer, ou com um
caráter distinto, naquele cargo, sobretudo na altura em que temos esta crise gravíssima, e em que, no fundo,
delegamos poderes a uma ‘troika’ que é apenas resultante da nossa incapacidade
para acautelarmos o futuro" adiantando que "talvez a única maneira que nós tenhamos agora de acautelá-lo seja ter gente em
posições-chave que possa, com diplomacia e com bom senso, defender posições que
sejam boas para a Europa e boas para Portugal”. Não satisfeito, o senhor António Monteiro salientou que Barroso tem exercido o cargo com dignidade, distinção e - pasme-se - "até com honra", seja lá o que isto signifique, na cogitação do embaixador. Empolgado com o registo encomiástico, rematou: “[Durão Barroso] é um trunfo ainda largamente por explorar na perspetiva da
afirmação do interesse nacional e que conviria não desperdiçar no contexto atual" (fim de citação, ufa!...).
Pasmo com toda esta retórica e não me apetece sequer ir mais além do que isto: a atitude de Barroso de não submissão (respeito) ao voto popular foi um ato altamente inqualificável e demonstrativo da estirpe de alguns líderes partidários que, durante demasiados anos, nos têm calhado no carrossel político.
Um outro exemplo, simplesmente colateral a este propósito, vem hoje espelhado nos jornais a respeito da nomeação de Zeinal Bava para presidente da congénere brasileira da PT, OI. Rodrigo Costa, concorrente direto de Zeinal devido a ser presidente executivo da ZON, plasmou o seu precioso raciocínio sobre esta escolha brasileira com um "honra Portugal" (mais uma vez, fim de citação).
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