Cavaco é expectável. E é mais um para o clube dos irrevogáveis. De facto, o que há uma semana implicava eleições antecipadas para junho, depois da saída da troika, para se "iniciar um novo ciclo político", virou agora em nada: o Governo cumprirá a legislatura. Ou seja: eclipsou-se a razão que o Presidente da República tinha dado por indeclinável para a realização de eleições legislativas. A dúvida consistiria, por isso, em saber se as eleições antecipadas por Cavaco há oito dias seriam ainda mais antecipadas, isto é, se convocaria eleições já para setembro.
Mas Cavaco Silva é Cavaco Silva. A sua arrumadinha cabeça está já planando no justo descanso do guerreiro, com mais um dever cumprido, mais um alto serviço prestado à pátria e, já agora, a ele próprio. Engana-se redondamente se pensa que depende dele a convocação de eleições. Em democracia ninguém governa contra o povo. E o povo português, por costume hodierno demasiado apático, pode começar a não achar piada a esta baixa política.
Cavaco Silva, na sua alocução ao país, não resistiu em confrontar exemplos de outros países europeus. Salientou mesmo que "75% dos países de média dimensão, como Portugal, são governados com base em entendimentos políticos". É verdade. Mas também é verdade que não existe nenhum país cujo Governo se mantenha em funções com a demissão dos dois exclusivos ministros de Estado.
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