O excelso presidente da Comissão Europeia veio a público panegiricar Gaspar. E fê-lo desta maneira: "Admiro muito qualquer pessoa que aceite ser ministro das Finanças de Portugal nas atuais circunstâncias, quer o dr. Vítor Gaspar, quer, agora, a dra. Maria Luís Albuquerque". É raro vermos, na verdade, este tipo de prova de humildade e de autocrítica, ainda para mais vindo de um político. Assim, convém não esquecer que Durão Barroso abandonou Portugal quando este "estava de tanga" e quando ele era, vejam só, primeiro-ministro. Podemos então formular o seguinte esforçado silogismo: Durão Barroso não admira os que fogem às responsabilidades perante o país. Durão Barroso descartou-se do país. Logo, Durão Barroso não admira Durão Barroso.
Posso, no entanto, com tudo isto, reformular o meu entendimento aristotélico face a este episódio de Gaspar, o qual se pode resumir ao seguinte: andamos no reino da mais perfeita hipocrisia política, a começar, desde logo, por onde não poderia existir: a presidência da república.
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