Haverá uma cimeira da Nato em Portugal, que é o mesmo que dizer em Lisboa e até o presidente dos Estados Unidos marcará presença. Obviamente que até novembro há que arranjar um carro antimotim porque a Polícia de Segurança Pública é a única da Europa que não possui tamanha preciosidade. A GNR tem, nas suas garagens, uma ou duas dezenas de veículos com caraterísticas similares. Não é a mesma coisa, afirmam, afoitos, os polícias. Os carros da GNR estão vocacionados para cenários de guerra, tipo Afeganistão, Bósnia e afins. Daí que cinco milhões a mais ou cinco milhões a menos no patriótico projeto dos carros antimotim é coisa de somenos. O que interessa é fazermos boa figura na cimeira de Lisboa.
Lembrei-me, a respeito destes disparates, das imagens que vi em direto aquando da visita do Papa ao Reino Unido. Um helicóptero pousou suavemente num campo de futebol (vislumbrei vários campos de treino, impecavelmente relvados, impecavelmente pedagógicos, impecavelmente didáticos e a diferença vê-se também nestas pequenas articulações...). Bento XVI seguiu de imediato para um carro que o transportou sobre uma curta estrada de terra batida. O meu pensamento seguiu quase automaticamente contornes maledicentes: se fosse em Portugal, aquela pequena estrada de terra batida, à saída destes verdejantes campos de treino, teria sido visceralmente asfaltada. Em nome do Papa, de Sócrates, e dum Portugal pequenino.
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