Horta Osório é mais um daqueles portugueses que "singraram lá fora" e que, por isso, são respeitadíssimos cá dentro. Conseguintemente, tem, habitualmente, aquilo que se costuma apelidar de uma boa imprensa. É mais um que ostenta o inevitável e decerto merecido penduricalho presidencial. Possui, de certo modo, uma determinada aura sebastiânica o que, no fundo, acaba por ser bom para o país, apesar deste lote de intocáveis promessas ter produzido mais desalentos do que realidades concretamente positivas. Curiosamente, o sr. Horta Osório tem sempre fugido, convenientemente, de uma certa opiniaticidade política. Não foi, todavia, o que hoje aconteceu, numa conferência realizada em Lisboa, na qual o presidente executivo do Lloyds Banking Group reatou a teoria neoliberal da austeridade como único remédio para a crise. Retorquiu ainda com o estafado argumento de que os portugueses não podem viver acima das suas possibilidades. Pois não, nem os portugueses, nem ninguém, acrescento, timidamente.
Lembro-me, nestas ocasiões duma frase de Paul Valery sobre a estupidez da guerra. É a seguinte: "A guerra é um massacre de homens que não se conhecem em benefício de outros que se conhecem mas não se massacram.” Deixo a pairar nestes fios tentaculares uma simples questão: por que razão estes senhores que ganham milhões expelem este tipo de axiomas, como se conhecessem a verdadeira realidade das vidas das pessoas que, em vez dos milhões, auferem tostões?
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