Parece-me de entendimento fácil. Este é o pior Governo dos últimos anos, senão mesmo o pior da democracia. Deste modo, impõe-se, objetivamente, uma questão: por que razão, sendo ele assim tão mau, durou tanto tempo, uma legislatura? A resposta, a meu ver, é simples e abarca duas vertentes. A primeira tem a ver com a idiossincrasia do povo português, o qual não é potencialmente adepto de mudanças. É, neste sentido, conservador. Afinal, foram 48 anos de formatação mental e ideológica. As mudanças das mentalidades demoram gerações, apesar de Portugal se ter alterado profundamente nos últimos 40 anos.
A segunda razão liga-se à completa ausência de um programa de Governo, de uma ideia para Portugal enquanto país, de uma ideia de pátria, portanto.
Simplificando: enquanto o Governo se pôde reger pelo memorando da Troika, a coisa andou. A partir do momento em que este deixou de existir, o Governo patinou, continuando o seu inexorável caminho para um final inglório. No fundo, o que devia ter passado pela cabeça de Passos e Maria Luís (julgo que Portas é uma
mera personagem sobrevalorizada pela imprensa, sem grande importância no
interior do Governo), no dia a seguir à ida da Troika, foi e agora o que fazemos, sem o precioso caderno de encargos? A resposta a esta pergunta
é óbvia e notória. Sentimo-la.
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