Marques Mendes afirma que o PSD deve ter a coragem de "dizer mais vezes" que a culpa da presente situação é do anterior Governo, o qual "lançou o país na bancarrota e meteu a troika cá dentro". Sabemos que o comentador da SIC fomentou este palavreado já num clima de campanha autárquica (parece que, realmente, o fantasma de Guterres pós-autárquicas reacende-se episodicamente) e que terá sido por isso que toldou, mnemonicamente, o seu discurso. É que ao contrário do que foi exposto de maneira moralista pelo atual chefe do Governo em campanha eleitoral, existe, efetivamente, um discurso delator em relação a José Sócrates. E esse registo passa não só pelos membros do Governo como também pelos muitos comentadores PSD's que pululam na larga esfera da comunicação social, com especial relevo no meio televisivo. E, claro, para não falar no extraordinário Presidente da República que nos calhou em sorte. Este passadouro de culpas formadas é, aliás, uma peculiaridade da política portuguesa.
Curiosamente, do passadouro passa-se, paradoxalmente, para um passadismo. Neste campo, também estes comentadores políticos e o senhor Presidente da República ajudam a invocar os gloriosos anos cavaquistas, os quais foram, afinal, onde tudo, pós-renascimento de abril, se iniciou.
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