Há coisas que não se compreendem, nem com muito esforço. O Governo português lançou, em 2012, um programa direcionado para empresas que se encontram em dificuldades financeiras, com incontornáveis dívidas excessivas e impagáveis. Uma das premissas do programa Revitalizar baseia-se, para além de facilitados acessos a fundos financeiros, na renegociação com os credores, incluindo-se neste ponto um perdão parcial da dívida da empresa. Foi o que aconteceu, por exemplo, à maior gráfica do país - Lisgráfica -, a qual, por intermédio deste programa, conseguiu superar uma situação de insolvência iminente.
Ora, a questão que se deve colocar é simples: por que razão é que este caminho não é trilhado pelo Governo português perante os seus credores internacionais? O princípio é o mesmo e nem é novo, pois decorre de qualquer processo negocial, como, aliás, foi prática durante todo o século XX, principalmente no período pós-segunda guerra mundial (e o devedor era, aqui, a Alemanha) e, mais recentemente, com a própria Grécia.
Mercados à parte, programas como o Revitalizar a uma escala naturalmente mais alargada serviriam, antes de mais, para um verdadeiro renascimento europeu, sobrevalorizando aquilo que nunca deveria ter sido desvalorizado: os princípios fundacionais da União Europeia, indo ao encontro de uma verdadeira Europa pensada, na apropriada asserção de um dos seus fundadores, o francês Jean Monnet.
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