Sou a favor de maiorias relativas qualificadas. Por conseguinte, sou contra as maiorias absolutas desqualificadas. Penso que o último Governo Sócrates era altamente desqualificado do ponto de vista político. Do mesmo modo, estou em crer que a actual conjuntura administrativa, imposta por uma maioria parlamentar oposicionista, tem imposto medidas bem mais saudáveis para o país. A educação pode muito bem servir de paradigma a este meu raciocínio, com a negação projectiva de toda a estrutura de Maria de Lurdes Rodrigues, cada vez mais um caso atroz de incapacidade política, com implicações graves e objectivas em toda o processo educativo (parece que a comunidade escolar se configura como uma espécie de cobaia dos sabores de quem manda).
Agora estamos no PEC, o Programa de Estabilidade e Crescimento ou, dito de outro modo (mais comummente europeu, segundo consta), o Programa de Austeridade. O que tem sido publicado nos jornais a respeito disto não me leva a aderir de forma entusiástica ao documento. Na verdade, nenhum dos partidos da oposição gosta daquilo. Mesmo no PS, obrigado a seguir a voz de mando, notam-se, ainda assim, alguns esgares particularmente tímidos.
Os epítetos são variados e vão desde "tragédia nacional" com o Bloco de Esquerda e PCP até a "agressão fiscal a toda a classe média", segundo o CDS-PP. O PSD, que se diz o maior partido da oposição (começo a ter muitas dúvidas acerca disso, no que diz respeito a índices qualitativos), é uma voz confusa e titubeante, uma amálgama que o último e estranho congresso ajudou a notar.
Mas a questão que se coloca, neste âmbito, só pode ser uma: é oportuno seguir para a frente com um documento que ninguém, verdadeiramente, aprova, o qual pouco traz para o desenvolvimento sustentado do país? O exemplo das privatizações ou alienações estatais servem de exemplo. Como se pode perspectivar uma sustentatibilidade de crescimento quando se vende, em cima do joelho, empresas saudáveis? Como é possível alinhavar cortes nas regalias dos pensionistas e desempregados, as franjas mais débeis duma sociedade? Não seria mais ajustado pedir um efectivo esforço, durante estes dois ou três anos, a quem mais pode?
A explicação dada por Teixeira dos Santos não convence, apesar da amostra honesta de esforço. Mesmo sabendo que um ministro das finanças tem de ser um referencial de estabilidade dentro do próprio governo, estou propenso a crer que Teixeira dos Santos esgotou já as suas capacidades de intervenção tendo em conta uma visão macroeconómica. A sua substituição (sem dramas, obviamente) poderia constituir uma lufada de ar fresco para as contas deficitárias do país. Todavia, sei da impossibilidade deste passo. Teixeira dos Santos só sai quando o governo cair.
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