Walter Lemos é politicamente ridículo, monotonamente inconsistente, fatalmente inócuo. Demonstrou-o cabalmente na última legislatura, quando gravitava penosamente pelos corredores do Ministério da Educação. Agora, como secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, não tem surpreendido. Bastaria ouvi-lo quando a oposição (penso que foi por intermédio do Bloco de Esquerda) acusou o Governo de não dignificar a respeitabilidade dos desempregados. Com efeito, os Centros de Emprego preconizam cada vez mais uma espécie de apartheid social, em que as pessoas, obviamente debilitadas, são tratadas como cidadãos de segunda. É o caso, por exemplo, dos trabalhos pagos a dois euros à hora, bem abaixo do salário mínimo nacional (seria preciso trabalhar sessenta horas por semana para alcançá-lo). A este propósito, Walter Lemos não vislumbrou melhor arranjo do que afirmar o seguinte: o que as pessoas querem (deveriam almejar) é trabalhar e fugir à situação de desempregado.
O resto não interessa para nada na cabecinha do secretariozinho. O que me deixa moderadamente consternado é saber que existem decerto muitas pessoas inscritas no centros de (des)emprego que alcançariam melhores empenhos no lugar ocupado por Walter Lemos, cada vez mais o protótipo do artista político português.
(convém acrescentar à minha indignação: um secretário de estado que opta por este tipo de atitude quando o que está em causa é, sobretudo, um problema de dignidade humana, não merece ocupar o lugar que ocupa. É tão simples quanto isso. A política é uma actividade que se quer regida por princípios elevados. Sem esta postura de dignificação do outro, principalmente quando se está estropiado de uma parte da própria identidade, o melhor é pensar em fazer outras coisas. A culpa – é verdade – não redunda exclusivamente em Walter Lemos. O que poderá originar uma boa questão: o que levará este senhor a ser assim tão convidado?)
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