Digam-se, por favor, se o que se está a passar no mundo da finança bolsista não é, invariavelmente, mais do mesmo. Em dois dias, uma agência de rating, com o curioso nome de Standard & Poor's, pôs a União Europeia, designadamente as suas economias mais débeis, num rodopio contagioso e profundo. Em dois dias, milionários tornaram-se mais milionários e os remediados mais remediados. Em dois dias apenas, a bolsa portuguesa transaccionou centenas de milhões de títulos, centenas de milhões de euros. Em dois dias apenas, a Europa tremeu. Portugal era dado como perdido, seguindo-se a Espanha e depois, quem sabe, a Itália. Nestes dois dias, ouviu-se apenas uma voz crítica. A do inabalável Strauss-Kahn, director do Fundo Monetário Internacional, que disse simplesmente isto: não se deve acreditar demasiado nas agências de notação financeiras; elas reflectem apenas o que recolhem sobre o mercado.
As outras vozes sapientes dedicam-se tenazmente a seguir estudos cada dia mais aprofundados, cada dia mais originais. Os comentadores da economia estão cada vez mais parecidos com os do futebol: estão sempre na onda.
Retomo as palavras do director do FMI: as agências de rating limitam-se a reflectir o que recolhem sobre o mercado. Sobre o mercado! O deus inabalável do mercado! As pessoas, essas, o que são?
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