As siglas são, imediatamente, elucidativas: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Decifrando: uma comunidade que tem como fundamento de ligação a língua portuguesa. Com a língua, assomam-se outras variantes: a cultura, história, a economia... A política também, obviamente, mas esta aparece, apesar de tudo, a encimar todo o alicerce constitutivo da CPLP. Na verdade, foi através das vontades políticas que nasceu e se concretizou o projeto. Do mesmo modo, foi a política que permitiu que um país não linguisticamente português tivesse acesso de pleno direito a esta comunidade. Podemos contestar, mas não deixa de ser a constatação de um facto. A Guiné Equatorial entra na CPLP exclusivamente por razões económicas. É assim que atualmente os países se relacionam entre si: o primado do homo economicus face a tudo e a todos. Sobra, portanto, muito pouco para o resto. Mas neste resto podemos encontrar o simbólico.
Um Presidente da República é, essencialmente, um símbolo. Representa a bandeira nacional, esteio último quando tudo parece perdido. Neste sentido, parece pertinente a questão: que raio fazia Cavaco Silva em Timor? É que o mínimo que se pedia ao Presidente era a sua ausência, precisamente para não envergonhar o país. Não creio, por exemplo, que a ausência de Dilma Rousseff originasse qualquer espécie de incidente diplomático entre os diversos países que fazem parte da CPLP. Decididamente, Cavaco Silva está onde não deve estar e não está onde deve estar. A começar, desde logo, pelo próprio cargo que ocupa.
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