Depressa se desfizeram os equívocos relacionados com o encerramento de duas escolas em Lisboa. António Costa, o presidente, remeteu logo um espumoso comunicado (será que interrompeu as férias?) para afirmar que em Lisboa não se encerravam escolas.
Esta resolução pseudopedagógica de extinguir as escolas com menos de 21 alunos (!) afigura-se de uma cobardia política extrema. Portugal, pequeno de dimensão, manifesta características próprias de países com áreas territoriais maiores e níveis de desenvolvimento menores (como, por exemplo, o Brasil) ao projetar, nos seus índices de desenvolvimento, realidades socioeconómicas distintas, com um interior cada vez mais amargurado e inexoravelmente perdido. Ao invés, o litoral apresenta-se como uma espécie de exportação permanente da imagem europeia do país. Não é por acaso que uma das prioridades do Governo, segundo a secretária de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, Fernanda do Carmo, é a revitalização do litoral, através da reabilitação da frente de mar, a recuperação ambiental da zona envolvente e a requalificação do aglomerado urbano. São estes tipos de emergências nacionais que têm vindo paulatina e irremediavelmente a configurar o país que somos.
Neste processo de fecho de escolas, o que verdadeiramente deveria ter sido feito, em nome duma coesão nacional e de um desenvolvimento sustentado, era impulsionar uma migração para o interior. Com o que foi decidido, através duma política de gabinete de régua e esquadro e em nome de ridículas bases pedagógicas, o país afunda-se cada vez mais. Por mais voltas que se deem, o verdadeiro progresso de Portugal passa em muito por uma homogeneidade territorial nos seus diferentes índices de desenvolvimento. É que não basta proclamar, pacoviamente, que existe agora uma autoestrada da justiça (a tal transmontana). É preciso mais do que isso, muito mais. Sobretudo coragem, que é o que tem faltado a muitos governantes.
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