domingo, junho 06, 2010

a seleção

Voltemos à seleção de quase todos nós. Parece-me a mim, neste meu acesso modesto de patriotismo, muito difícil ficar indiferente a toda a movimentação dos emigrantes portugueses em África do Sul em torno da seleção. É, no fundo, uma a ausência forçada da terra que eles podem, naquele momento, reclamar. Mais do que o fenómeno futebolístico, aquelas pessoas querem sentir o calor do que deixaram para trás, muitos há trinta e mais anos (o que torna esta posição de carinho muito mais relevante).
Daí que nos coloquemos na cabeça dos jogadores brasileiros que jogam na equipa de Portugal. Entenderão eles isso, o entranhado cultural subjacente a este fenómeno migratório tipicamente português? Não. Obviamente que não. Basta vê-los a trautear o hino. Pergunta que me imponho fazer, que estará decerto, neste momento, a trabucar a cabecinha de muitos leitores: e os outros, os indígenas? Sentirão eles isso? Neste sentido, retive uma resposta do nosso jogador mais carismático a uma pergunta estúpida (são incontáveis) de um jornalista sobre se (ele) prometia alguma coisa aos adeptos (o título, vitórias...). Respondeu então o madeirense: "se eu não prometo à minha família, vou agora prometer aos outros...". Aos outros!... Lembrei-me dos emigrantes, dos outros... Os outros, para aqueles luso-sul-africanos, somos nós. E é este nós que faz toda a diferença. Para esta casta de jogadores, habituados a mundos e fundos, não há - porque não entendem - o nós. O nós é aquele contrato de milhões. Portugal é uma vaga ideia.

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coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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