Eu vi a adelgaçada arteirice com que o vice-presidente da bancada socialista, de seu nome Ricardo Rodrigues, furtou os gravadores ("os aparelhos de gravação digital", como ele próprio os identificou) dos jornalistas que o entrevistavam. E confesso que fiquei impressionado com o método utilizado pelo prevaricador: levantou-se como quem vai buscar um papel ali ao lado, não sei mesmo se não trauteava algum assobio apaziguador e desconcertante, e, sem se dar por isso (se não fosse a bolinha no ecrã televisivo a rodear a mão larápia do deputado eu não daria por nada) tinha já os gravadores no bolso das calças (ou do casaco?). Extraordinário!
Presumo que Ricardo Rodrigues, membro da Comissão Parlamentar de Ética e coordenador para a área da justiça do PS (as pitadas de ironia, em política, nunca fizeram, como os caldos de galinha, mal a ninguém, mas este PS tem desenvolvido, ao longo dos tempos, uma verdadeira especialização na área...), se encontrava ali de livre vontade. Presumo também que não havia alguma condição de obrigatoriedade nas questões absolutamente legítimas apresentadas pelos jornalistas. Santana Lopes já um dia se levantou de uma entrevista em directo na televisão. As suas razões foram perfeitamente adequadas ao contexto. O deputado socialista podia simplesmente ter feito o mesmo. Sem roubar nada.
2 comentários:
e os jornalistas tudo podem. podem maltratar, insultar, insinuar..... e como são seres superiores todos lhes devem obediência. parabéns pela atitude do deputado.
Como escrevi: o deputado tinha a liberdade de não responder, de se levantar e sair. O furto é, como Ricardo Rodrigues reconheceu, fruto de uma atitude irreflectida.
j.r.
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