quinta-feira, maio 13, 2010

as medidas

O acordo está iminente: Passos e Sócrates reúnem-se hoje a fim de decretar as esperadas medidas de austeridade para os trabalhadores. Acontece que há trabalhadores e trabalhadores. Um gestor de uma empresa pública, que ganha dezenas de milhares de euros por mês, é um trabalhador. Do mesmo modo, o porteiro do Ministério das Finanças é também um trabalhador. Acontece que entre o porteiro e o gestor existe um profundo abismo remuneratório. Ou entre, por exemplo, um professor, um engenheiro e esse mesmo senhor gestor. No entanto, o que este rotativismo prevê é que o gestor tenha um aumento da sua carga fiscal de 1,5% e o porteiro, porque ganha mais do que o salário mínimo, seja implicado em 1%. Ora, no meu modesto entendimento, o que isto preconiza não é um combate ao profundo fosso social existente no nosso país. Ou estes senhores não sabem fazer contas, ou os seus conceitos de justiça social ficam muito aquém daquilo que seria, no mínimo, exigível. Podem os dois políticos olhar - porque não? - para a doutrina social da igreja (a qual é, diga-se desde já, confluente com o discurso inerente às centrais sindicais) e reflectir . Na verdade, tanto a igreja como as centrais sindicais têm como fundamento primeiro, dentro de uma lógica de abrangência diferenciada, a defesa dos mais pobres, isto é, dos que ganham menos.
O que estas medidas de agravo fiscal comprovam é que o combate às assimetrias sociais não é, infelizmente, uma prioridade. E, para piorar esta visão descrente, aparece, vigoroso e observador, o rotativismo, agora com uma variante (nova) de pré-cozinhado.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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